Definição: Me diga: Você morre de medo de se contaminar? Você lava as mãos a todo o momento? Você checa diversas vezes se fechou a porta? Você não usa roupas coloridas? Você jamais passa debaixo de escada com receio de que algo ruim possa acontecer depois? Você fica olhando para ver se as roupas estão bem arrumadas no guarda-roupa? Você se desespera se os objetos não estão exatamente no lugar em que deveriam estar............. CARAMBA, VOCÊ TEM TOC. Não, não é assim, apenas essas ''manias'' sozinhas, não são sintomas de um diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo.
O TOC é caracterizado pela presença de obsessões e compulsões. As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens indesejáveis e involuntários, que surgem na mente causando ansiedade ou desconforto e impelindo o paciente a executar rituais ou compulsões que são atos físicos ou mentais realizados em resposta às obsessões, com a intenção de afastar ameaças, prevenir possíveis falhas ou simplesmente aliviar um desconforto físico. O TOC obriga os pacientes a realizar atividades que não são do seu desejo, caracterizando esses pensamentos como egodistônicos, ou seja, ruins de serem sentidos pelo paciente.
Sintomas :
Os Diagnósticos de TOC no Brasil são atualmente regidos pelas normativas da CID-10 e DMS-V :
Diagnóstico CID-10
Na normativa CID-10 (Classificação Internacional das Doenças) não existe uma definição mínima de tempo gasto com pensamentos e rituais excessivos, mas os sintomas devem estar presentes na maior parte dos dias, por duas semanas ou mais.
A realização de ações compulsivas ou de pensamentos intrusivos (obsessivos), não deve proporcionar prazer ao paciente. O paciente deve possuir ao menos uma obsessão ou compulsão reconhecida como excessiva e irracional, além disso, o paciente deve ter algum comportamento ou pensamento ao qual não consegue resistir.
Além das características superficiais, no CID-10 é preciso avaliar e validar comportamentos como:
Os sintomas originam-se exclusivamente na mente do paciente e não impostos por terceiros ou influências externas;
São repetitivas e desagradáveis e pelo menos uma obsessão ou compulsão reconhecida como excessiva e irracional deve estar presente;
O paciente tenta resistir a elas;
Pelo menos uma obsessão ou compulsão à qual se resiste sem êxito deve estar presente;
A vivência do pensamento obsessivo ou a realização do ato compulsivo não deve proporcionar prazer;
As obsessões ou compulsões causam angústia, ou prejudicam o convívio social, ou individual do paciente;
Diagnóstico DMS-V
Na normativa DMS-V, deve-se manter atenção ás seguintes características:
Apresentação de obsessões e/ou compulsões, graves o suficiente a ponto de consumirem tempo (mais do que uma hora por dia), ou causarem grande sofrimento, ou prejuízo significativo na rotina do paciente, em seus relacionamentos ou em suas atividades acadêmicas, profissionais ou sociais.
Durante a ocorrência da psicopatologia ao menos uma vez, o paciente deve reconhecer as obsessões ou compulsões como excessivas, irracionais ou prejudiciais.
Além disso, sintomas comuns entre os dois métodos, e presentes como a primeira linha de identificação devem ser considerados.
Sendo estes sintomas de TOC mais comuns:
Comportamento compulsivo;
Atitudes ritualísticas;
Movimentos repetitivos;
Acumulação;
Agitação;
Hiperatividade;
Impulsividade;
Hipervigilância;
Isolamento social;
Ansiedade;
Ataque de pânico;
Apreensão;
Culpa;
Descontentamento;
Depressão;
Medo;
Obsessões sexuais;
Narcisismo;
Aversão a alimentos e objetos;
Pensamentos acelerados;
Pesadelos;
Discursos desconexos;
Ações repetitivas e irracionais.
Em resumo, mesmo seguindo os conceitos, nas métricas normativas para o diagnóstico do TOC o médico psiquiatra deverá realizar avaliações comportamentais. Das quais se baseiam em pensamentos obsessivos ou em ações tidas como desagradáveis e ultrapassem os limites de uma simples mania.
Exemplo, o individuo que acredita que se fizer determinada ação, ele poderá morrer, causar algum desastre ou coisas do gênero, este é chamado por “pensamento mágico”, onde o paciente acredita que suas ações tendem a mudar o curso dos acontecimentos, sendo este um padrão muito comum em pacientes com TOC.
Temos também, o caso clássico da pessoa com medo de se contaminar com alguma doença, que para evitar isso, acaba por lavar as mãos excessivas vezes, limpar a casa ou tomar banhos longos de forma disfuncional.
Estas avaliações, permitem a aplicação de uma técnica chamada de “diagnóstico diferencial de TOC” e tem por objetivo determinar a presença de outras psicopatologias, além do TOC.
Tratamento :
É importante dizer que até o momento, não existe uma cura definitiva para o transtorno, mas o tratamento de TOC tem a função de amenizar os sintomas do paciente, além de proporcionar um melhor controle e em alguns casos diminuindo a quase zero os efeitos gerados pela patologia.
Farmacológico
Os tratamentos farmacológicos de primeira linha para o TOC são os inibidores de recaptação de serotonina (IRS), classe de medicamentos antidepressivos que inclui os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e a clomipramina (tricíclico). A eficácia medicamentosa é avaliada pela diminuição de pelo menos 35% da Escala de Yale-Brown Obsessive-Compulsive (YBOCS).
A escolha deve se pautar no perfil de efeitos colaterais de cada medicamento, e as doses médias necessárias, em geral, são mais altas do que as recomendadas para os transtornos depressivos.
Um psiquiatra é o profissional que irá lhe receitar o mais indicado para o seu caso!
Psicoterápico
No tratamento psicoterápico dos sintomas do TOC, recomenda-se indicar a exposição sistemática e repetida aos estímulos temidos, com prevenção dos rituais compulsivos, terapia comportamental de EPR, de preferência associada à abordagem cognitiva, que consiste na modificação das crenças errôneas subjacentes aos sintomas manifestos.
Comportamental
Recomenda-se utilizar abordagens psicoeducativas tanto para pacientes com TOC quanto para seus familiares, pois as principais manifestações clínicas e formas de tratamento do TOC são largamente desconhecidas da população em geral e isso pode atrapalhar na resposta terapêutica. Ao se envolverem no tratamento, os membros da família também se beneficiam, compreendendo melhor o transtorno e suas causas, e aprendendo estratégias efetivas para manejar os sintomas do paciente. Assim, os familiares param de reforçar os comportamentos compulsivos e colaboram efetivamente com o tratamento.